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Em tempos de guerra

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Nesses dias de isolamento, em que o trabalho em casa e o distanciamento de familiares exigem estarmos ligados 24 horas nas redes sociais, surge um comportamento novo, quase que preponderante, perdendo apenas para a preocupação com os que estão longe, que é a falta de paciência.

São muitas informações, verdadeiras e falsas, muitos golpes, imposições de ideias, reproduções de mentiras, muitas explicações e justificativas, algumas sem embasamento técnico e, principalmente, de desrespeito à liberdade de pensamento, como se fossemos estúpidos, sem qualquer raciocínio e fáceis de convencer.

Por óbvio que, em tempos de guerra virtual e viral, sob pressão, cada um expressa, de forma evidente, o que tem no seu íntimo, uma vez que o verniz social é esquecido. É também, nesse momento, que surge o arrogante, o que pensa que sabe mais do que o outro, o que tem a solução para combater o inimigo, esquecendo que sozinho ninguém vence uma guerra. Para ter um exército, é preciso que os soldados acreditem na causa e, isso, somente se consegue com estudo, planejamento, diálogo, confiança e união.

Não há dúvida de que a confusão de informações, agravada pela nossa instabilidade emocional, pelo afastamento da nossa rotina, dos nossos hábitos cotidianos e o distanciamento social, tornam mais difícil nossa tarefa de compreensão da realidade e de quem está certo ou errado, no combate ao inimigo. Aí, surgem, os questionamentos: em quem confiar? A quem ouvir e seguir?

Cada um tem a sua forma de encontrar as suas respostas. Sigo regras simples: fujo de quem diz saber tudo, porque quem julga que sempre tem razão não deixa espaço para novas perspectivas. Procuro as fontes das informações. Afasto-me de quem, para justificar a ação, desqualifica o outro. Aposto em quem tem equilíbrio emocional, uma vez que a pessoa dominada pela emoção tem pouca clareza de discernimento. Dou crédito para quem aumenta as opções, que não apenas elimina aquela contrária a sua. Acredito em quem ouve a coletividade antes de decidir. Tais regras, com certeza, podem não responder a todos os meus questionamentos e dúvidas, mas ajudam, ao menos, a refletir sobre as inúmeras informações que me atropelam diariamente.

Contudo, refletindo sobre as informações e desinformações cotidianas. Percebi que essa confusão somente existe porque temos liberdade de expressão, pois, vivemos em uma democracia, onde as várias faces da verdade e da mentira não ficam, por muito tempo, escondidas. Ao contrário, são expostas. Tal constatação já é suficiente para apaziguar a falta de paciência, porque ter liberdade não é fazer tudo o que se quer, mas ter a possibilidade de escolha, apesar de vivermos tempos de guerra.


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